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terça-feira, 5 de julho de 2011

Essa Canção Francesa


     O assunto pairava em torno das inúmeras canções da Tiê, a intertextualidade era a mãe de todas as citações, tão raro era encontrar alguém que enfim conhecesse músicas tão sensatas. Então, falamos, falamos, e falamos. Na Varanda da Liz, Só Sei Dançar Com Você, Para Alegrar o Meu Dia... Logo, ao invés de músicas eram citados seus álbuns. De Já é Tarde chegamos em Dar-te-ei: dado o primeiro exemplo de outro artista, tão bom em talento quando o anteriormente citado. E então, outra citação, inédita. Nunca havia sido citado em alguma conversa daquelas pequenas admiradoras de Tiê, disseram "E o Thiago Pethit? Ele é ótimo, não é?". Thiago Pethit, até aquele momento não sabia nada a respeito. Tentou-se em vão dar aquele raio de compreensão a respeito: "Ele cantou uma música com a Tiê! A Mapa-Múndi é dele. Ela gravou, mudou o ritmo". Oh não. Mapa-Múndi é uma das coisas mais fabulosas existentes.
    Quem seria Thiago Pethit? Os fones de ouvido logo foram passados adiante, "Escute!", e enfim... ouvi. No momento em que o som e a compreensão chegaram... Ah, Thiago Pethit! Quem seria Thiago Pethit? A pergunta agora não era uma metonímia desregrada. Não, o som estava ali, a poesia estava ali... a voz... ah, a voz! Enchi-me de muitos "ah" e "oh", ainda estão aqui, os que restaram de meu encontro com aquela voz.
    Desesperadamente procurei o dono daquela voz que, essa sim, posso descrever. Não pude descrever as vozes de outros, mas esta é explícita, é lúcida, é... a voz de Thiago Pethit é uma mistura de Caetano Veloso e Nando Reis. Sim, foi essa impressão, imagine a sensação de toda essa voz se misturar em letras tão aveludadas e melodias tão diferentes.
    Quando se escuta uma voz assim, diferente, como a que citei logo se faz um plano geral de como seria emfim o dono da voz. Imaginei, é claro, alguém que combinasse com o som... Mas obviamente, afastei a ideia. Era óbvio que a voz não combinaria com o cantor em si, provavelmente seria alguém desajustado àquela poesia.
    Thiago Pethit surpreende novamente. Sua aparência é poética, sua pessoa é poética, é uma combinação melhor que a imaginada para aquela voz tão deslumbrante.
    Thiago Pethit, repetidamente seu nome, tal qual  Caetano repete ao falar de Mautner, surpreendeu novamente em sua voz, ao cantar a música Essa Canção Francesa sua voz se assemelha terrivelmente (um terrivelmente muito bom) a voz de Mathias Malzieu da banda francesa Dionysos. Extremamente diferente de Caetano agora.
    O que mais dizer? Toda a história, a surpresa, termina no momento em que aqui escrevo, numa profunda admiração, recentemente conquistada, por um artista talentoso, que claro, junto com outros já citados mostram que a boa música ainda está aí, lutando, mesmo com todo o aumento de músicas padronizadas, feitas para agradar a um público fixo que quer mais e mais se mostrar atenta a produtos e não arte.


                              Berlim, Texas - Thiago Pethit

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